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07/03
Março
Período: 07/03
Carga Horária: 5h
Sábado das 12:30 ás 17:30
com pausa para o café
Inscrições até 20/02
Vagas Limitadas!
Investimento:
R$ 240,00
R$ 150,00 inscrições duplas ou pesquisadores
R$ 120,00 graduandos unis públicas
Local > Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica
Rua Luís de Camões, Praça Tiradentes, 68
Centro - Rio
>>> À escuta de futuros em germe
Como sustentar-se nos abismos de uma civilização em colapso?
Vivemos hoje o colapso da civilização moderna ocidental e seu regime colonial-racializante-capitalístico que, em sua versão financeirizada, indissociavelmente neo-liberal e neo-conservadora, tornou-se globalitário e atingiu um nível extremo de requinte perverso, colocando em risco a própria continuidade do planeta. Um regime não é uma abstração, mas uma realidade cuja consistência existencial plasma-se em determinado modo de vida, ao qual corresponde uma política dominante do desejo que se define básicamente pelo tipo de relação que estabelece com a vida em sua demanda essencial, a vontade de preservar. De tais políticas resultam as formações do inconsciente no campo social: esta é a esfera da micropolítica. Em momentos de colapso em que a vida se vê ameaçada, o desejo é convocado a agir para devolver à vida seu equilíbrio. Nas respostas do desejo a esta demanda distinguem-se as micropolíticas num vasto espectro que vai das mais reativas às mais ativas. Em um dos extremos, o desejo age para conservar o status quo a qualquer custo, dando origem a hordas cujos membros se juntam em torno de narrativas únicas que os homogeneízam formando um bloco indiferenciado; movendo-se por ressentimento, tais hordas opõem-se ao que delas difere como bodes expiatórios sobre os quais projetam as causas de seu mal-estar e, com isso, tomam a cena de assalto. No outro extremo, o desejo age para criar comunidades temporárias cuja liga é a ressonância entre germes de futuro aninhados nos respectivos corpos que as compõem; forma-se assim a sinergia necessária para a experimentação de outros modos de existência, conduzida na direção de devolver à vida seu equilíbrio, o que lhes confere uma potência de proliferação. O combate micropolítico se dá entre estas forças, agindo em diferentes graus e composições. É esse o combate que testemunhamos na atualidade e que nos exige aprimorar os dispositivos de resistência nesta esfera e É para a busca coletiva de respostas a esta exigência que o seminário pretende contribuir.
Suely Rolnik dedica-se à investigação teórica e existencial da micropolítica, especialmente aos dispositivos de resistência nesta esfera, os quais se definem pela relação imanente entre clínica, arte e política. É psicanalista, Professora Titular da PUC-SP e Professora convidada da Maestría Interdisciplinar en Teatro y Artes Vivas da Universidad Nacional de Colombia. Autora de “Esferas da insurreição. Notas para uma vida não cafetinada (N-1, 2018), publicado em 4 países, “Antropofagia Zumbi”, inédito no Brasil; publicado em Lisboa (Oca, 2019), Vienna/Berlin (Turia + Kant, 2018) e Paris (Black Jack, 2012), “A hora da micropolítica (N-1, 2016), Archivmanie (Berlim: HatjCantz Verlag/Documenta 13, 2011) e “Cartografia sentimental. Transformações contemporâneas do desejo” (Estação Liberdade, 1989; republicado por Sulina). Co-autora com F. Guattari de Micropolítica. Cartografias do desejo (Vozes, 1986), publicado em 7 países.