ESQUIZOANÁLISE E CONTEMPORANEIDADE

A publicação de “O anti-Édipo: capitalismo e esquizofrenia”, em 1972, é o início da história da Esquizoanálise e da parceria do filósofo Gilles Deleuze e do psicanalista militante Félix Guattari. Assim como no caso da psicanálise, essa junção entre teoria e prática produziu um enorme impacto nos mais diferentes campos do saber: na teoria política; nas teorias econômicas; na filosofia; no debate psicanalítico; nas instituições de saúde; na luta antimanicomial, entre outros.

É possível perceber, no entanto, certa resistência na recepção e/ou na compreensão da proposta esquizoanalítica. Esse fenômeno ocorre, usualmente, de duas formas:​

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1. Ainda que a esquizoanálise possua na psicanálise uma de suas maiores referências, ela também possui um referencial epistemológico e ontológico que é distinto do psicanalítico — por vezes, esse referencial é desconhecido ou ainda pouco explorado.
    

2. Os psicanalistas são, provavelmente, os maiores interessados no debate esquizoanalítico e,  no entanto, são também aqueles que, por vezes,  recusam-se a participar desse debate,  dadas as inúmeras críticas de Deleuze e Guattari dirigidas aos conceitos psicanalíticos. Isso, por sua vez, cria possíveis resistências para essa aproximação e para a inclusão da proposta esquizoanalítica na clínica ampliada da Psicanálise. 

Diante disso, o curso tem como objetivo superar esses dois impasses, isto é, desejamos apresentar  de modo detalhado o referencial teórico-filosófico ao qual a esquizoanálise se afilia e se baseia; assim como demonstrar de que forma as práticas e as críticas esquizoanalíticas não devem ser encaradas pela psicanálise como ameaças, mas como novas possibilidades e potencialidades.